Pintec Semestral: Empresas industriais de médio e grande porte investiram R$ 36,9 bilhões em P&D em 2022

Em 2022, as empresas industriais inovadoras com 100 ou mais pessoas ocupadas investiram R$ 36,9 bilhões em atividades internas de P&D. As empresas inovadoras da Indústria de transformação foram responsáveis por 83,5% desse valor e as das Indústrias extrativas, por 16,5%.

É o que mostra a Pesquisa de Inovação Semestral 2022: Indicadores Básicos, pesquisa experimental realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os dados serão apresentados hoje, 20 de março, às 10 horas, no Espaço Data ABDI, na cidade de Brasília-DF. Estarão presentes o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, além de diretores e equipes técnicas das instituições. O evento será transmitido no portal do IBGE.

A maior parte (86,3%) desse montante investido em atividades internas de P&D foi realizada pelas grandes empresas, com 500 ou mais pessoas ocupadas, ao passo que 7,8% provieram das empresas inovadoras de 250 a 499 pessoas ocupadas e 5,9% das empresas de 100 a 249 pessoas ocupadas.

“Vale destacar que as atividades com maiores proporções de empresas inovadoras que realizaram dispêndios em atividades internas de P&D foram as mesmas que proporcionalmente mais investiram em relação ao total de empresas: Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (92,9%), Fabricação de produtos químicos (74,1%) e Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (68,8%)”, analisa o gerente de Pesquisas Temáticas, Flávio José Marques Peixoto.

No que se refere à distribuição dos investimentos em atividades internas de P&D, além das empresas das Indústrias extrativas (16,5%), as principais atividades que somadas representaram mais da metade dos dispêndios em 2022 foram: Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (13,0%), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (11,9%), Fabricação de produtos alimentícios (9,7%), Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,4%) e Fabricação de produtos químicos (8,9%).

 

34,4% das empresas investiram em P&D

Considerando o conjunto de empresas industriais inovadoras, 34,4% investiram em atividades internas de P&D. Os setores em que mais da metade das empresas investiram em atividades de P&D foram: Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (67,0%), Fabricação de produtos químicos (64,8%), Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (60,2%), Fabricação de máquinas e equipamentos (51,7%) e Fabricação de produtos diversos (50,6%).

Por outro lado, os setores com menor proporção de empresas que realizaram dispêndios em atividades internas de P&D foram: Metalurgia (17,1%), Confecção de artigos do vestuário e acessórios (12,7%) e Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (10,6%).

 

Metade das empresas inovadoras pretende aumentar seus investimentos em P&D em 2024

A expectativa de 39,8% das empresas inovadoras era aumentar seus dispêndios em P&D em 2023 comparado a 2022, enquanto 56,4% queriam manter e 3,9% pretendiam diminuir o investimento. Para 2024, a expectativa é ainda mais otimista: 50,8% das empresas inovadoras pretende aumentar seus investimentos em P&D em relação a 2023; 46,6% esperam manter e apenas 2,5% pretendem reduzir

 

Em 2022, taxa de inovação se mantém estável e chega a quase 70%

A PINTEC Semestral também avaliou a taxa de inovação no Brasil, investigando uma amostra de 1.530 empresas de médio e grande portes – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas, de um universo de 9.584 companhias com esse perfil.

Em 2022, a taxa de inovação no Brasil foi de 68,1%, percentual relativo às empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas que lançaram um produto ou implementaram um processo de negócios novos ou substancialmente aprimorados.

As empresas de maior porte, com 500 ou mais ocupados, são as mais inovadoras, com taxa de 77,0%; as de 250 a 499 têm taxa de 74,3%, índice que cai para 62,8% na faixa de 100 a 249.  

“Em 2021, a taxa havia sido de 70,5%. Esse pequeno recuo sinaliza estabilidade nos esforços de inovação. Há indícios de que em 2022 as empresas se esforçaram menos para inovar, o que podemos observar em outros indicadores. O percentual de empresas que inovaram em produtos e processos, a prática mais complexa, também caiu, de 37,8% para 33,0%. Por outro lado, houve aumento nas taxas das empresas que inovaram só em produto (de 12,7% para 14,2%) e só em processo (de 20,0% para 20,9%). São inovações mais pontuais e menos complexas”, analisa o gerente de Pesquisas Temáticas, Flávio José Marques Peixoto.

 

Setor de máquinas e equipamentos lidera entre empresas inovadoras, com taxa de 89,3%

O setor de Fabricação de máquinas e equipamentos ganhou posições e lidera o ranking de incidência de empresas inovadoras, com taxa de inovação de 89,3%, superando Produtos químicos, que liderou em 2021 com taxa de 87,0% e caiu para terceira posição com 84,7% em 2022. O setor de Informática e equipamentos ópticos ocupa a segunda posição, com 87,5%.

“Perderam posições setores como Metalurgia (22ª) e Refino e derivados de petróleo, coque e biocombustíveis (23º), que tiveram taxas de 49,9% e 42,9%, respectivamente. Isso mostra que empresas de petróleo se tornaram menos inovadoras em 2022”, ressalta Peixoto.

 

Apenas 5,5% dos produtos inovadores são inéditos no mundo

Considerando-se o percentual de empresas inovadoras em produto (47,3%), o setor de Informática e equipamentos ópticos lidera (77,7%), seguido por Produtos químicos (75,4%) – que caiu da primeira para a segunda posição – e por Máquinas e equipamentos (73,3%).

Dentre as empresas industriais que inovaram em produto, a tendência é de a inovação tenha sido mais incremental:  68,1% dos produtos foram novos apenas para a empresa, alta de 2,5 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2021; 26,4% eram novos para o mercado nacional (-2,5 p.p.) e apenas 5,5% foram inovações para o mercado internacional, mesma taxa do ano anterior.

“Isso pode indicar que as inovações estão mais simples. As empresas podem não ter se engajado tanto em termos de esforços disruptivos e estão se dedicando mais a inovações incrementais ou postergando a implementação de inovações mais robustas”, esclarece o gerente da pesquisa.

 

Mais da metade das empresas inovou em processos de negócios

A taxa de inovação em processo de negócios é de 53,9%, percentual que ultrapassa 60% entre as grandes empresas (62,3%). Os processos de negócios relativos à organização do trabalho concentram o maior percentual de inovação, mas caíram de 40,6% para 33,6%; seguido por processamento de informação e comunicação (de 32,5% para 31,6%); práticas de gestão ou relações externas (de 37,5% para 31,0%) e marketing (de 33,5% para 30,7%).

A taxa de inovação é abaixo de 30% em produção de bens ou fornecimento de serviços (27,7%), contabilidade e operações administrativas (21,4%) e logística, entrega e distribuição (18,4%).

“As inovações mais complexas requerem uma integração de diversas áreas. Em 2022, apenas 11,8% das empresas inovaram em seis ou sete categorias; 22,6% inovaram em três ou cinco; e 19,5%, inovaram em uma ou duas. Houve aumento apenas entre as empresas que inovaram em um processo. Já as empresas que não inovaram em nenhum processo chegam a 46,1%”, completa Peixoto.

O setor de Máquinas e equipamentos é o de maior incidência de inovação em processo de negócios (69,6%), seguido pelo Máquinas, aparelhos e material elétrico (68,6%) e o de Informática e equipamentos ópticos (67,9%). 

 

Instabilidade econômica, concorrência e escassez de recursos são obstáculos para quase 50% das empresas inovadoras

Para 47,9% das empresas ainda há obstáculos para inovar. Para a maior parte, o principal obstáculo é a instabilidade econômica (45,6%), seguida pelo acirramento da concorrência (43,5%) e capacidade limitada de recursos internos (41,3%).

 

Maior demanda para o apoio público é por recursos financeiros

Do total de empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo de negócios, 39,0% utilizaram apoio público para suas atividades inovativas. Os instrumentos de apoio mais utilizados foram: incentivo fiscal à P&D e inovação tecnológica da Lei do Bem (26,2%), incentivo fiscal da Lei de Informática (6,3%) e Apoio não reembolsável (subvenção econômica) à P&D e inserção de pesquisadores (4,0%), financiamento a projetos de PD&I com ou sem parceria com universidades e institutos de pesquisa (8,4%) e financiamento exclusivo para a compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar (13,5%). O percentual dos que utilizam compras públicas é de apenas 2,5%.

 

Empresa que publicam relatório de sustentabilidade tendem mais a inovar

Em 2022, 15,8% das empresas publicaram relatório de sustentabilidade; o índice chega a 36,5% entre as empresas com mais de 500 pessoas ocupadas. Entre as empresas que publicaram relatórios e sustentabilidade, 86,5% foram inovadoras em 2022. Os setores de bebidas (38,8%), fabricação de produtos de fumo (36,4%) e fabricação de produtos químicos (30,7%) são os que mais publicaram relatórios.

“Normalmente, são setores sujeitos a alguma norma ambiental ou de legislação que trazem a necessidade de um olhar mais apurado para práticas mais sustentáveis. Chama a atenção que mais de 80% são empresas inovadoras”, reitera Peixoto.

 

Mais sobre a pesquisa

De caráter experimental, a pesquisa, realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, investigou as empresas de médio e grande portes – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas. O objetivo é traçar o retrato da inovação no Brasil, levantando informações referentes ao investimento empresarial em Ciência, Tecnologia e Inovação no país.

A PINTEC Semestral é anual (relativa ao ano anterior ao da coleta), com duas investigações semestrais. No primeiro semestre, investigam-se indicadores temáticos rotativos e, no segundo, indicadores básicos de inovação e P&D). Seu objetivo é complementar a tradicional Pesquisa de Inovação do IBGE (PINTEC) – já com sete edições realizadas de forma ampla a cada três anos, desde 2000, e que continuará a ser editada.

 

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